Susan Boyle, o fenômeno, parece não ter nada a ver com os arquitetos. Realmente nada tem diretamente.
Mas,.... me ocorreu outro dia um pensamento. Se não tivesse a oportunidade de se apresentar naquele programa, e se repetisse a inacessibilidade ao palco pelo preconceito da boa aparencia, a Susan ainda estaria no anonimato, a despeito de suas qualidades artísticas e seu talento.
Então, me ocorreu pensar no caso do profissional arquiteto. O que acontece com muitos profissionais que ficam eternamente na sombra, nas equipes, nas salas dos fundos, nas salas cheio de outros profissionais, alguns com larga experiencia, outros recém-formados, dividindo espaços ou mesas, equipamentos, etc. e que diariamente cria, acrescenta idéias, aprimora projetos, participa de reuniões, assumem tarefas, etc. mas não se situam como co-autores de projetos, apenas, e quando citam, como colaboradores.
Então, quando será que um profissional como ele terá a oportunidade de mostrar seu talento?
Quantos arquitetos sobrevivem fazendo pequenos projetos por falta absoluta de acesso ( contato, lobby, influencia, etc.) para essa clientela? Seria isso falta de talento? Falta de capacidade de fazer marketing e conseguir projetos de grande porte?
Seria então a profissão arquiteto uma atividade que tem como pre-requisito ser bem nascido? Ter uma boa conta bancária para sustentar um escritorio em fases de vacas magras ou de recesso intelectual? Ou por decisão do profissional, fechar o escritorio por um tempo para participar de estudos ou de viagens?.
Se para conseguir ser um arquiteto - grife for preciso uma infra-estrutura financeira e de relacionamentos, os que se originam das classes menos favorecidas e que tem competencia e talento, só lhe resta bajular alguns colegas mais afortunados, ou... dar uma de Susan Boyle.
Mas arquitetos não têm palcos e nem se promovem em programas de TVs.
Então, como fazer?
Concursos de projetos?
Muito bem, ganha um concurso. E volta ao anonimato, a não ser que viva de ganhar concursos. Se é que o projeto ganhador do concurso seja aceito pelo cliente... e ficar no premio e no papel.
Quem é premiado em projetos para governos em fim de mandato se arrisca a nem receber o premio.
Quem sabe, trabalhar como funcionário público, nos moldes de meio seculo atras, com a liberdade de trabalho que teve o Affonso Eduardo Reydi no Rio de Janeiro, produzindo o conjunto habitacional do Pedregulho. Ou crescer à sombra de celebridades para atingir a sua própria luz, como a carreira do colega Luis Filgueiras, o Lelé.
Conheci vários arquitetos muito competentes e que continuam no anonimato. Felizmente, um deles, com muito talento, está conseguindo que lhe seja feita justiça após longa jornada profissional. Trata-se do colega Hector Vigliecca, modesto, quieto, mas muito competente e criativo.
Susan Boyle, precisamos que nos dê a dica de como encontrar o palco certo para nós.
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