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Eficiencia, entendida aqui entre nós como menos desperdícios.

Convivemos com um desperdício incompreensível para um País onde muitas pessoas vivem em situação de risco. Dentre eles, meu foco é a melhoria de desempenho das redes de infra-estrutura urbana. Sòmente na área do Saneamento Básico, que se considera a rede de água, esgoto, drenagem e a coleta e tratamento do lixo, melhorias na qualidade de vida que se estima em R$1 Bilhão/ano foi registrada pela FGV-Fundação GetúlioVargas e Instituto Tatra ( julho, 2010), além de evitar a morte de mais de 1.000 pessoas. A rede de vias públicas insuficientes e com manutenção precária, afeta o sistema de transportes de materiais e de pessoas, com congestionamentos, poluição, desperdício de energia e principalmente consumindo o tempo das pessoas que poderia ser dedicado à sua melhoria de qualidade de vida.

Eficiencia, entendida aqui entre nós como menos desperdícios.

Convivemos com um desperdício incompreensível para um País onde muitas pessoas vivem em situação de risco. Dentre eles, meu foco é a melhoria de desempenho das redes de infra-estrutura urbana. Sòmente na área do Saneamento Básico, que se considera a rede de água, esgoto, drenagem e a coleta e tratamento do lixo, melhorias na qualidade de vida que se estima em R$1 Bilhão/ano foi registrada pela FGV-Fundação GetúlioVargas e Instituto Tatra ( julho, 2010), além de evitar a morte de mais de 1.000 pessoas. A rede de vias públicas insuficientes e com manutenção precária, afeta o sistema de transportes de materiais e de pessoas, com congestionamentos, poluição, desperdício de energia e principalmente consumindo o tempo das pessoas que poderia ser dedicado à sua melhoria de qualidade de vida.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

SANEAMENTO BASICO E AUMENTO DE RENDA

Vejam em http://www.qualidadeurbana.blogspot.com/
o artigo liberando informações sobre a pesquisa do Instituto Tatra Brasil e FGV - Fundação Getulio Bargas, em 20-07-2010.
Em resumo, o saneamento básico traz benefícios quantificados.
- Evitando internações ...........................   R$745 milhões / ano.
- Aumentando a renda  ...........................  R$41,5 milhões / ano.
- Evitando mortes  ................... ................1277 vidas / ano ( óbitos registrados)
- Horas não trabalhadas e indenizadas.....  R$238 milhões/ano.

Seguramente, mais de R$1 Bilhão / ano.!!!!!!!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

CORRUPÇÃO NA LITERATURA DE CORDEL, CARUARU, PE

Reginaldo Melo, reginaldo.caruaru@hotmail.com , Caruaru, Pernambuco, PE, 9936-0037, autor de literatura de cordel, membro da Academia Caruaruense de Literatura de Cordel, que conhecemos ( eu, Eduardo Habu, Marco Aurélio e Teo) pessoalmente na feira da praça, quando fomos a famosa Festa Junina de Caruaru, gentilmente nos presenteou com o seu livrinho "O causo do Eleitor que tomou vergonha na cara", e que reproduzimos um trecho a seguir.



"... A corrupção começa
bem antes da Eleição,
quando você eleitor,
se vende por um colchão,
uma camisa, um sapato,
ou por farinha e feijão.


Aquele que compra voto
e consegue se eleger,
vai cobrar para cumprir
com o que seria o dever,
o que e bom pro povo
só vota se receber.


É por isso, eleitor,
que chamo sua atenção.
Você também é culpado
por essa corrupção,
tome VERGONHA NA CARA,
vote como cidadão...."

Obs. Hoje o colchão e camisa foi substituido pelas várias Bolsas...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

veja no outro blog

Veja também o blog PAI AMADOR AVO APRENDIZ, um texto sobre a nossa viagem à Europa.
http://www.pai-amador-avo-aprendiz.blogspot.com/

terça-feira, 15 de junho de 2010

O lugar na cidade.

O espaço público, pelo menos nas nossas cidades, reduziu-se ao fundiário, pois de publico restou apenas o espaço que é de ninguém.


Com a insegurança, desconforto e falta de qualidade, o espaço publico é hoje um canal de circulação de veiculos, pessoas e de bens, além de toda a rede de serviços de energia, saneamento e comunicação.

Porque vivemos esta situação?

Talvez nossas cidades com "apenas" 500 anos, as mais antigas, sejam ainda adolescentes, ou talvez ainda na fase infantil de formação. E além de novas, ainda estão recebendo novos cidadãos vindos do interior e do exterior, cada um trazendo suas culturas de distancias equivalentes a continentes - o Brasil é continental. Felizmente falamos português em todo o Brasil, e os jesuitas espalharam a religião dominante.

Mas nossas cidades e seus cidadãos, antes de amadurecerem seu meio urbano entraram na era da midia global, alterando rapidamente o que se havia armazenado ao longo de decadas ou centenas de anos. É a minha visão das nossas cidades.

Lembro dos anos de estudante quando brincavamos que em toda cidade podia-se encontrar uma Casas Pernambucanas e Banco do Brasil, referindo-nos à invasão dessas entidades pelo Brasil afora. A midia global, ao invéz, invadiu os lares. E dentro dos lares, pelas novelas, num ritmo mental prá qualquer nivel de inteligência, a globo faz seu merchandising de produtos e de idéias - essa a pior.

Os bons ambientes urbanos publicos do novo mundo, EUA, são poucos comparados com os da Europa. Acredito que são ambientes onde o tempo e uma certa coesão cultural tiveram importância. Veja o exemplo da Piazza de S.Marco em Veneza, em várias etapas da sua formação, etapa por etapa, se aprimorando, até chegar ao resultado que conhecemos, com as influencias da renascença, da perspectiva no projeto, não só dos predios como do espaço urbano, linkadas pela perpectiva.

terça-feira, 11 de maio de 2010

HENRI LEFEBVRE

quinta-feira, 25 de Junho de 2009


Henri Lefebvre: Crítica do Urbanismo (2)

«"Nós, os berlinenses, escreve Hessel, temos de habitar mais ainda a nossa cidade". A sua intenção é a de que a frase seja literalmente entendida, não tanto no que se refere às casas, mas mais no que às ruas diz respeito. Pois estas são a casa do ser eternamente inquieto e em movimento que vive, aprende, conhece e pensa tanto entre as paredes das casas como qualquer indivíduo no abrigo das suas quatro paredes. Para as massas - e é com elas que vive o flâneur -, as tabuletas brilhantes e esmaltadas das lojas são adornos tão bons como os quadros a óleo no salão burguês, e até melhores; as empenas cegas são as suas secretárias, os quiosques de jornais as suas bibliotecas, os marcos de correio os seus bronzes, os bancos o seu boudoir e a esplanada a varanda de onde essas massas observam a azáfama da sua casa. No gradeamento onde os trabalhadores do asfalto penduram os casacos fica o seu vestíbulo, e o portão que leva à rua através do enfiamento dos pátios é a entrada nos aposentos da cidade». (Walter Benjamin)

O urbanismo é a maneira de conceber e de realizar as cidades e, como tal, está associado ao aparecimento do Estado moderno que transformou as cidades em capitais de Estado ou, pelo menos, em suportes do poder central. Isto significa que o urbanismo faz parte integrante de uma concepção de poder. Ilustres figuras mundiais converteram a arquitectura em "ciência política" através das "ciências económicas" (especulação financeira e imobiliária). O projecto da construção de Washington, apresentado por Pierre-Charles L'Enfant em 1771, era, em muitos aspectos, um imponente plano barroco: a localização dos edifícios públicos, as avenidas imponentes, as abordagens axiais, a escala monumental e o verde envolvente reflectiam a ideologia barroca do poder político. Em 1853, o barão Haussmann assumiu oficialmente a ideia de reconstruir a cidade de Paris que lhe foi confiada pelo imperador Napoleão III: grande parte da malha urbana medieval e renascentista de Paris foi demolida para dar lugar a artérias rectas que ligavam o centro da cidade aos distritos. A "geometria urbana" de Haussmann e da sua equipa dividiu Paris em três redes: a primeira rede incidiu sobre o labirinto de vielas que remonta à antiga cidade medieval, concentrando-se na região próxima do rio Sena, de modo a rectificar o seu traçado e a adaptá-lo às carruagens e à locomoção dirigida; a segunda rede, situada entre o centro e a periferia, foi subordinada à administração municipal; e a terceira rede criou as intercessões entre as principais artérias urbanas que davam acesso à cidade, bem como as ligações entre as duas outras redes. Na sua descrição da cultura parisiense do século XIX, W. Benjamin deu especial ênfase às arcadas (galerias) e aos telhados, onde pulsava a vida circulante da cidade: a multidão foi politicamente dividida e os indivíduos convidados a mergulhar numa excitação frenética nessas pequenas passagens cobertas, nas suas lojas e nos seus cafés. A construção de Washington e a transformação de Paris, às quais poderíamos acrescentar a reconstrução pombalina da Baixa de Lisboa destruída pelo Terramoto de 1755, a modernização de Berlim no tempo de Frederico I ou a construção de Regent's Park e de Regent Street em Londres, expressam na arquitectura das capitais a linguagem do poder da cidade barroca: a linguagem do despotismo ou da oligarquia centralizada, personificada num Estado nacional, bem como uma nova linguagem ideológica derivada da física mecanicista, cujos postulados fundamentais já tinham sido lançados pelos exércitos e pelos mosteiros. Lei, ordem e uniformidade constituem os traços essenciais da cidade barroca: a lei confirma a situação vigente e assegura a posição dominante das classes privilegiadas; a ordem é uma ordem mecânica que sujeita os súbditos ao príncipe reinante, contra a antiga ordem baseada no sangue, na vizinhança ou nas finalidades de parentesco; e a uniformidade impõe a dominação impessoal do burocrata que, com a sua papelada e os seus processos, regulariza e sistematiza a colecta de impostos.

Na cidade do Porto, devido às reacções negativas dos produtores de vinho às regras impostas pela Companhia Geral das Vinhas do Alto Douro, o Marquês de Pombal nomeou o seu primo, João d'Almada (1757-1786), como governador militar que, acumulando estas funções com as de governador civil, se empenhou na construção de uma cidade moderna, onde o comércio, a indústria e os negócios pudessem prosperar. Em 1758, João d'Almada criou a Junta de Trabalhos Públicos do Porto, com o objectivo de transformar radicalmente a antiga urbe medieval confinada dentro da muralha fernandina e de planear o crescimento e o embelezamento da nova cidade. Financiada por um imposto sobre a produção de vinho que lhe era dado mensalmente pela Companhia Geral, a Junta deparou-se com alguns obstáculos, entre os quais a Igreja Católica e os proprietários fundiários. Este obstáculo só foi superado quando, em 1769, foi aplicada ao Porto a "legislação de excepção" que, ao condicionar o direito de propriedade ao interesse colectivo definido pelo Estado, permitiu a substituição da antiga estrutura fundiária pelo novo loteamento "regular". O Porto que resulta da intervenção urbanística dos Almadas - o filho, Francisco d'Almada e Mendonça (1786-1804), sucedeu-lhe mais tarde - abrange a urbanização de vastas áreas situadas a norte - até à Rua da Boavista - da muralha fernandina e a alteração substancial do tecido urbano medieval, de modo a articular a cidade medieval com a cidade moderna. O seu desenvolvimento levou à destruição das muralhas que atrofiavam o burgo medieval: foram abertas duas ruas - a dos Clérigos e a de Santo António (actual 31 de Janeiro) - que se unem na Praça Nova (actual Praça da Liberdade) e a muralha que a limitava pelo sul foi demolida em 1788, sendo edificado no seu lugar o Palácio das Cardosas. Ora, todas as obras urbanísticas dos Almadas foram realizadas por um gabinete que centraliza e orienta os trabalhos, dispondo de verbas próprias obtidas através de impostos extraordinários e de uma legislação de excepção. Em termos de arquitectura, a moderna cidade do Porto era, no século XVIII, marcadamente barroca. Em 1725, Nicolau Nasoni foi encarregado de embelezar a Sé, acabando por projectar inúmeras igrejas e palácios da cidade do Porto e arredores. Porém, as grandes extensões urbanizadas tiveram tempo suficiente para afinar um novo estilo tipicamente portuense: um estilo neoclássico especial que, devido à acção do cônsul J. Whitehead - amigo de João d'Almada -, reflecte influências inglesas. Os dois estilos portuenses do século XVIII podem ser exemplicados pela Torre da Igreja dos Clérigos (1754-1763), de Nasoni, e o Hospital de Santo António (1770), de John Carr. O crescimento da cidade do Porto continua num ritmo excelente até meados do século XIX, mas a partir de determinado momento a influência francesa começa a manifestar-se na construção de boulevards: a Avenida dos Aliados procura ser uma réplica dos Champs Elisées. Em 1891, C. Pezarat apresentou uma proposta para unir a Praça da Liberdade com a Praça da Trindade através de uma avenida-jardim. Porém, a Câmara Municipal dirigida por Elísio de Melo só aprova esse projecto em 1915: as obras iniciaram-se com a demolição do edifício da Câmara em 1916 e só ficaram concluídas em 1956, com a inauguração do novo edifício dos Paços do Concelho. Durante esse longo período multiplicaram-se os Passeios Públicos, as avenidas, os jardins, as esplanadas abertas (Fontainhas, Virtudes e Massarelos), as alamedas e os espaços verdes. Os jardins da Cordoaria, do Palácio de Cristal e do Passeio Alegre (Foz) foram desenhados por E. David (alemão) em 1865. A alta burguesia portuense foi fixada numa área (1882) dotada de grande qualidade arquitectónica e monumental. Nos espaços abertos da Cidade Invicta que sonham arquitectónica e organizativamente para a frente, desabrochou a maior iniciativa cultural portuguesa: a "Renascença Portuguesa".

Esta visão política da arquitectura da cidade é compatível com a abordagem marxista mais ortodoxa que destaca o papel do sistema urbano na geração de lucro para o capital industrial: o capitalismo industrial tendeu a desmantelar toda a estrutura social da vida urbana e a assentá-la sobre a base impessoal do dinheiro e do lucro. A urbanização capitalista gerou, além da pobreza, da miséria e das desigualdades sociais e regionais, uma imensa teia de alienação obscura: o capitalismo molda tanto a forma e a organização das cidades como a consciência dos seus habitantes. À dimensão económica do urbanismo, Lefebvre acrescenta a dimensão ideológica: as desigualdades sociais e regionais geradas pelo capitalismo e encapsuladas nas cidades tendem a ser amplamente aceites ou ignoradas pelos cidadãos. O pensamento urbanístico contemporâneo é um pensamento aridamente tecnológico ou tecnomórfico, destituído de imaginação e de perspectiva utópica: os chamados especialistas do território produziram uma ideologia de adaptação que transforma os habitantes da cidade em seres apáticos, não-participativos, preguiçosos, frustrados, indiferentes e profundamente alienados da casa, do bairro e da cidade. Os seus projectos não só estão afastados da vida quotidiana, como também negam o espaço urbano aos seus utentes citadinos. Lefebvre procura formular uma teoria alternativa do urbanismo capaz de rasgar esse véu ideológico que ofusca uma compreensão clara e transparente da vida urbana, explicando a estruturação do espaço económico e social urbano pelos processos associados com a acumulação de capital. Qual é a alternativa proposta por Lefebvre para derrubar a alienação produzida pela urbanização capitalista? A restituição ao indivíduo do poder de decisão sobre o seu ambiente quotidiano: eis a resposta ingénua dada por Lefebvre. A arquitectura da cidade comporta uma prática específica, parcial e especializada, ligada à vida quotidiana, que realiza os espaços sociais adequados à estrutura da sociedade estabelecida e à sua reprodução. Esta orientação social imposta à arquitectura faz com que a sua prática oscile entre o esplendor monumental - os monumentos são lugares do poder, onde o fálico se une ao político e a verticalidade simboliza o poder, como mostra a arquitectura da Cidade Invicta - e o cinismo do habitat, forçando-a a contribuir activa e abertamente para a reprodução das relações sociais capitalistas. A arquitectura tem isolado - ao longo da história do homem - o espaço por meio de paredes, subtraindo-o à natureza, para o preencher com símbolos religiosos e políticos e com dispositivos técnicos que correspondam à ordem estabelecida. Porém, a arquitectura deveria produzir, pelo menos no nosso tempo, um espaço subtraído enquanto tal aos poderes vigentes, um espaço apropriado a relações sociais libertas dos constrangimentos da ordem capitalista: a restituição do poder de decisão aos cidadãos é vista como uma recuperação ou revitalização da vida quotidiana, mais precisamente como a sua libertação do espaço programado do Poder, dos seus dispositivos de vigilância e da sua repartição espacial da dominação.

A proposta de política urbana alternativa preconizada por Lefebvre enuncia-se numa única expressão: o direito à cidade. Este direito diz respeito a todos os habitantes enquanto sujeitos que se envolvem em interacções sociais dentro do quadro urbano e afirmam a exigência de uma presença activa e da sua participação. A base do direito à cidade não é contractual nem natural: ela relaciona-se directamente com um traço essencial do espaço urbano, a sua centralidade. Toda a realidade urbana possui um centro. Pouco importa que esse centro seja comercial, económico, financeiro, administrativo, técnico, simbólico, lúdico, informacional, comunicacional ou político; o importante é que não pode existir realidade urbana sem um centro: a centralidade revela a essência da dimensão urbana. A cidade é, segundo Lefebvre, "a forma do encontro e da conexão de todos os elementos da vida social, desde os frutos da terra até aos símbolos e às obras denominadas culturais. A dimensão urbana manifesta-se no próprio seio do processo negativo da dispersão, da segregação, como exigência de encontro, de reunificação, de informação". Na dialéctica da centralidade, a saturação conduz a outra centralidade, ao mesmo tempo que expulsa os elementos excedentários ou segregados do antigo centro para a periferia. O direito à cidade é o direito à centralidade, isto é, o direito a não ser convertido em periferia. Excluir grupos ou indivíduos do urbano é, em última análise, excluí-los da civilização ou mesmo da sociedade. A exclusão urbana é, pois, exclusão social. O direito à cidade legitima a recusa da exclusão urbana: a recusa de ser afastado da realidade urbana e da sua centralidade pela organização burocrática discriminatória. O direito à cidade é um direito de todos os cidadãos e, como direito dos homens à centralidade, não só anuncia a crise inevitável dos centros dominantes de decisão que, estando fundados na segregação e na discriminação, excluem os indivíduos ou os grupos estigmatizados que não participam nos privilégios políticos, fixando-os e isolando-os nas periferias, como também garante o direito ao encontro e à reunião: os lugares e os objectos urbanos devem responder à "necessidade" de vida social e de um centro, bem como às necessidades lúdicas e ao desejo. O direito à cidade visa constituir ou reconstituir uma unidade espaço-temporal, reconduzindo à unidade dialéctica aquilo que foi fragmentado e pulverizado pela urbanização capitalista.

Ora, para ser cumprido e realizado, o direito à cidade precisa ser objecto de conhecimento crítico das condições da sua realização. Como já vimos, a lógica económica da sociedade capitalista obedece a uma ideologia consumista, tosca e sem horizonte ou perspectiva futura: os cidadãos vivem alheados da vida urbana e dos seus centros de decisão. Os cidadãos devem tomar consciência dessa alienação para poderem assumir a tarefa da transformação urbana qualitativa, a qual exige como condição um forte crescimento da riqueza social. Dado desconfiar da intervenção do Estado - um Estado de classe, como diz Manuel Castells - neste processo de emancipação urbana e de transformação profunda das relações sociais, Lefebvre permanece prisioneiro da lógica económica que critica, porque, se não for o Estado - mesmo sendo um Estado de classe - a garantir essa criação de riqueza social tão necessária para a transformação urbana qualitativa, então esse papel compete à própria sociedade civil e à iniciativa privada. A centralidade é intrinsecamente conflitual: a centralização total reúne poder, riqueza e conhecimento numa zona territorial restrita, e a sua superação decorre da própria saturação do centro operada pela cidade capitalista que possibilitou a sua extensão espacial e a sua afirmação. A oportunidade de mudança social qualitativa depende da própria condensação social da cidade e das suas contradições internas, das quais a mais importante é talvez a contracção do espaço. A tendência para concentrar todos os centros de decisão numa zona territorial restringida suscita a escassez de espaço nessa zona. Embora não seja estranha às relações sociais de produção e de reprodução capitalistas, a penúria de espaço constitui uma contradição do espaço - uma contradição entre a abundância do passado histórico e a escassez do presente - que abre caminho a novas possibilidades sociais e históricas, em especial ao processo de apropriação individual e colectiva do espaço urbano que visa realizar uma sociedade emancipada e liberta da alienação. É certo que a noção lefebvriana de sociedade urbana enquanto sociedade aliviada do peso da repressão dos desejos instintivos do homem é ainda uma utopia, mas trata-se de uma utopia possível, no sentido de poder vir a ser realizada, tal como sucede momentaneamente nos períodos de tensão revolucionária ou na Festa do S. João do Porto e nas Celebrações das Vitórias do FCPorto, quando os cidadãos saem para as ruas, onde se entregam a práticas lúdicas e de socialização intensa, rompendo com as hierarquias sociais e sobrepondo o valor de uso do espaço urbano ao seu valor de troca. Porém, o capitalismo tem mostrado ser um sistema capaz de absorver as crises e de as usar como fases de racionalização e de adaptação, fazendo as suas "leis" conformarem-se a outros tipos de formação social. Lefebvre acreditava que a violência e as contradições sociais que acompanham o crescimento arrogante do capitalismo preparavam o caminho para a irrupção da sociedade urbana: a sua obra mais não é do que a renovação do projecto marxista de uma revolução da organização industrial, complementado com um projecto de revolução urbana. (CONTINUA com um novo título "Henri Lefebvre: A Produção do Espaço".)

J Francisco Saraiva de Sousa

quarta-feira, 21 de abril de 2010

MAIS DE 1 HORA DE VIAGEM PARA TRABALHAR

Tragédia Cotidiana na Metrópole: o crescente tempo de deslocamento das pessoas


Juciano Martins Rodrigues

Pesquisador do INCT Observatório das Metrópoles – IPPUR/UFRJ e

Doutorando em Urbanismo – PROURB/UFRJ

Quanto tempo as pessoas que residem nas metrópoles levam para chegar aos locais de trabalho ou para retornarem as suas casas diariamente? Talvez tenhamos essa resposta na ponta da língua, basta pensar em nossos próprios casos, ou fazermos um levantamento com pessoas conhecidas. Não são raros os relatos sobre o martírio que é enfrentar as longas distâncias, os engarrafamentos e as constantes panes do sistema público de transporte nas grandes cidades. Uma verdadeira via-crúcis. Ao mesmo tempo, sem pesquisas e levantamentos sistemáticos torna-se difícil traçar um panorama geral sobre os deslocamentos realizados cotidianamente pela população.
As chamadas pesquisas origem-destino constituem um dos principais instrumentos para orientar o planejamento do transporte e do tráfego nas cidades. No Brasil, porém, elas são escassas e intermitentes. Não são todas as grandes cidades que as realizam e, em outras, se encontram defasadas frente ao crescimento acelerado, principalmente de suas periferias. A última pesquisa do tipo, na região metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, ocorreu em 2003. Notícias dão conta que apenas São Paulo, Recife e Natal realizaram esse tipo de pesquisa recentemente. Poder-se ia até alegar que uma periodicidade tolerável seria o intervalo de 10 anos, a mesma do censo do IBGE. Porém, não há nenhuma garantia que ocorrerá novamente outra pesquisa nos próximos anos. E sabemos todos qual é a situação do transporte público nas grandes cidades, principalmente no Rio de Janeiro, e o quanto tem piorado desde 2003.

Hoje sabemos, por exemplo, que a periferia das grandes metrópoles tem crescido mais do que suas áreas centrais. Por outro lado, torna-se difícil acreditar que agências reguladoras e empresas de transporte levem isso em consideração. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE (PNAD), nas 10 regiões metropolitanas pesquisadas, tem aumentado o número de pessoas que passam mais tempo no trajeto casa-trabalho. Ao compararmos o percentual de pessoas que demoravam mais de 1 hora para se deslocarem diariamente de suas casas até seu local de trabalho, ou vice-versa, entre 2001 e 2008, percebemos que ocorreu um aumento em quase todas as metrópoles. Apenas em Curitiba este percentual diminuiu; em todas as outras houve aumento, e o maior deles é de 5,8 pontos percentuais, o qual ocorreu em Salvador. Nas duas maiores metrópoles, São Paulo e Rio de Janeiro, o aumento foi de 3,7 e 4,1 pontos percentuais, respectivamente.

Surpreendentemente, a Região Metropolitana do Rio de Janeiro é onde existe um maior percentual de pessoas que levam mais de 1 hora no trajeto casa-trabalho, mais que São Paulo, inclusive. Vale lembrar que a maior das metrópoles brasileiras tem cerca de 19,4 milhões de habitantes, enquanto a metrópole fluminense tem uma população em torno de 11,8 milhões de pessoas.

Isto pode ser efeito direto do descasamento entre os locais de moradia e trabalho das pessoas, situação denominada pelos americanos de spatial mismatch. No entanto, a maioria das cidades brasileiras mantém estruturas de distribuição dos locais de moradia e trabalho bem parecidas. Não seria aceitável, portanto, acreditar que esse é o maior e único motivo que explique a grande diferença entre elas. Em boa parte essa disparidade pode ser explicada também pelo tamanho, ou seja, pela escala de metropolização. Não existe, porém, uma relação direta entre o tamanho da metrópole e esse indicador. Curitiba, por exemplo, é maior que Brasília e Belém. Entretanto, na metrópole paranaense, demora-se menos para ir ao trabalho do que nestas outras duas, como no caso de São Paulo em relação ao Rio de Janeiro. As condições de acessibilidade existentes em cada uma dessas regiões metropolitanas, que envolve a rede viária, os tipos de modal existentes, assim como a qualidade do serviço público oferecido, também devem ser consideradas.

Vale destacar, por fim, que é importante a diferença entre elas, principalmente quando olhamos para cidades como Curitiba, que, entre todas, foi a única onde houve uma diminuição do percentual de pessoas que levam mais tempo no trajeto casa-trabalho, entre 2001 e 2008. O mais importante e preocupante é saber que nos últimos anos, na maioria das grandes metrópoles brasileiras, um maior número de pessoas leva mais tempo em seus deslocamentos diários. Por esse e outros motivos a questão da mobilidade é fundamental para dimensões do viver na metrópole, tais como: acesso ao mercado de trabalho, à educação, ao consumo e principalmente elementos que compõem o que se denomina qualidade de vida.


Last Updated ( Wednesday, 21 April 2010 11:50 )

terça-feira, 13 de abril de 2010

IAB Guarulhos - e- mail ao Pres. Arq. Roberto Moreno

Arq.Moreno, bom dia. Você pediu, e aqui está minha contribuição do dia.


Conferencia Municipal de Habitação de Guarulhos

Vejo pelo DO do Municipio a sua presença na 1a. CMHG, na Moção n. 1 ao Trbunal de Justiça, e a moção n.5 Ao Prefeito. O Piso salarial é uma flagrante desobediencia. Meu processo no CREA-SP está emandamento, pois cobro do CREA a falta de iniciativa em acionar a Promotoria.
Não sei o alcance dessas moções, mas fica documentada ofcialmente a atuação do IAB e da ASSEAG. Parabéns.

Camara Municipal

(falta cargo de Agente Técnico Parlamentar -Arquiteto Urbanista)

No mesmo DO de 13/04/2010, pg.18 - Edital do Concurso Publico 01/2010, Falta o cargo de AGENTE TÉCNICO PARLAMENTAR - ARQUITETO URBANISTA. O IAB poderia, junto com a Asseag e SASP solicitar que seja criado esse cargo, pois as questões de Urbanismo e de Arquitetura precisam ser analisados por especialistas.

Falta Projeto Executivo para a Nova Camara de Guarulhos em fase de projeto

Ainda na pg. 18, Portaria17120, institui COMISSÃO ESPECIAL para "acompanhar e fiscalizar todas as fases de execução do Projeto Basico do novo Edificio da Camara Municipal de Guarulhos..."
Essa Comissão Especial  tem Arquiteto Urbanista?
Vc conhece ? Ariovaldo Tadeu Costa, José Carmelo de Freitas Reis, Fabio Rogerio Hatje e Rosana Luiza da Silva ( secretária). Tem Arquiteto nessa Comissão?

Exigir Projeto Executivo para TODAS as obras públicas, começando com a do Legislativo

Outra coisa: A Prefeitura não deveria fazer apenas o PROJETO BÁSICO. Isso é contra os interesses da população pois acaba ao sabor de decisões NÃO ARQUITETONICAS de custos, etc. que vc já conhece.

Temos que lutar por PROJETOS EXECUTIVOS DETALHADOS!!!!!
Essa é a minha contribuição do dia sobre a nossa realidade de Guarulhos.
Quanto ao Projeto Executivo, vc pode contar com o apoio da AsBEA, Instituto de Engenharia, Abrap, IAB-SP, IAB-DN, e provavelmente da OAB. E claro, a Asseag.
Essa briga vale a pena, e temos que aproveitar a sua presença no IAB para essas conquistas em Guarulhos. Conte comigo nessa reivindicação de interêsse público.
Sucesso, Arq.Moreno.

Mário Yoshinaga
http://www.qualidadeurbana.blogspot.com/
http://www.eficienciaurbana.blogspot.com/

domingo, 11 de abril de 2010

NITEROI - PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO

Niteroi dá mostra a todos nós, pela tragédia, a falta de planejamento urbano. Foi necessário acontecer a morte de mais de 200 pessoas para que o POVO veja as consequencias da irresponsabilidade do Poder Publico em fazer politica em vez de planejamento urbano.
O povo talvez não venha a aprender, pois esse é um assunto técnico, e como assunto técnico não deveria ter sido objeto de decisões do legislativo, do executivo ou mesmo do judiciario. Não deveriam decidir nada sem antes ouvirem os técnicos, os planejadores urbanos.
O Poder Publico agindo politicamente, atendeu os desejos dos ocupantes do ex-lixão ( sempre lixão, como ficou comprovado), e gastou dinheiro publico com pavimentação, drenagem ( mal feita por sinal, e origem dos deslizamentos à partir de infiltração pela drenagem deficiente), iluminação, etc., tudo isso sobre um SOLO CRIADO, inexistente legalmente. Os vereadores e prefeitos, na ansiedade de obter votos de algumas centenas de eleitores, acabaram de enterrar alguns deles.
Planejamento urbano não é para amadores, e isso precisa ficar bem claro para TODOS, politicos e cidadãos.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

HABITAÇÃO POPULAR - COMO RESOLVER SAÚDE E SEGURANÇA

Conversando com colegas sobre habitação popular, me ocorreu que os arquitetos deveriam estabelecer uma ligação entre as habitações populares com a saúde e segurança; isso se quiserem ser ouvidos, se quiserem ser necessários e terem oportunidade de atuar nesse campo.
Em nome da saúde e segurança, defender que uma boa urbanização traz lucros à saúde e à segurança; menos pessoas sofrendo de doenças decorrentes de ambientes insalubres, úmidos, mal ventilados, mal ensolarados, e sem proteção térmica; e por outro lado, precisamente no exterior e entorno da habitação, falta de iluminação, falta de acesso de carros ( policia, ambulancia, bombeiro, caminhão de lixo e de entregas) e de pavimentação (poeira, lama nos pés, empoçamento de água, esgoto a céu aberto, etc).
Em nome da saúde, adensar onde preciso, demolir com coragem e vontade politica, canalizar águas servidas e esgotos, abrir espaços de luz de sol e ventilação, criar vazios para pratica esportiva; e em nome da segurança, delimitar espaços, criar endereços definidos, criar visibilidade, acessos e referenciais. Afinal, a história tem exemplos de urbanismo com esses motivos; ruas largas americanas por um passado de incendio que sem barreiras, sem vazios ( Londres sec.XV); ruas largas para evitar barricadas ( Paris, sec XVIII) e ruas retas para visualizar os referenciais religiosos ( Roma, esc,XIV).
Saúde e Segurança, o mote do urbanismo na área popular, e porque não em outras também?

domingo, 28 de março de 2010

Raquel Rolnik - aluguel social deve ser incentivado

FORUM SOCIAL MUNDIAL, RJ, 22 a 27 /03/ 2010


"A propriedade privada não é a única solução”, diz Raquel Rolnik., "título de propriedade incentiva especulação imobiliária".

Para solucionar o problema da favelização no Brasil e no mundo, uma das saídas seria adotar o aluguel social e os subsídios de aluguel em vez de incentivar a concessão de título de propriedade nas comunidades.
Ela afirma que essa seria uma forma de deter a especulação imobiliária, que é consequência da ocupação irregular das cidades. O assunto foi tema de debate acalorado nesta quarta-feira (24), no 5º Fórum Urbano Mundial, promovido pela ONU-Habitat, no pier Mauá, na Zona Portuária do Rio.
“Os recursos financeiros estão longe de serem nosso maior desafio. Um dos elementos fundamentais, que hoje bloqueiam o acesso à moradia adequada pra os mais pobres, é a mercantilização e a financeirização da moradia. A casa, em vez de um bem social fundamental, se transformou numa mercadoria e, mais recentemente, num artigo financeiro”.

Não só concordo com as colocações da Raquel, pois venho defendendo essa posição em relação aos programas de habitação para a população de baixa renda. Contudo, não necessáriamente será preciso culpar a especulação imobiliária ou os empreendedores. É preciso entender que se existe tal mercado a falha está nas leis que permitem, e às vêzes incentivam, como o próprio programa da Minha Casa Minha Vida. O governo facilita aos empreendedores a obtenção de lucros, na medida que deixa aos construtores a liberdade de "construir barato" , pelo que se observa nos produtos oferecidos para venda. Com a parcela paga pelo governo, e o financiamento dado pela Caixa, e consequente pagamento à vista ao construtor, reduz consideravelmente o RISCO do empreendimento. Na verdade, o governo assume a possibilidade de inadimplencia, e isso deverá acontecer no futuro, com certeza, e de dificil solução pelo governo. Como desalojar os inadimplentes, se neste País os pobres tem "blindagem"`legal?

Como já devo ter colocado neste Blog, ou em http://www.eficienciaurbana.blogspot.com/ , o aluguel social nem precisa ser materialmente um pagamento de uso do imóvel. Pode, e talvez deva, ser pago, parte em dinheiro e parte em serviços, e ter o rigor ( educacional) de respeito às leis e contratos assumidos. A parte em serviços compreende, desde serviços de manutenção ( e de construção de novas unidades), como compromissos civicos e de urbanidade, seja a de se alfabetizar toda a familia, manter a casa saudável, participar de atividades comunitárias ( como a de segurança), enfim, com um programa de assistencia social, de educação e cultura, lazer e esportes e de trabalho.

Nessas atividades deve-se reduzir ao máximo o uso do dinheiro publico e principalmente se a fundo perdido. Daí que a iniciativa privada deve ser convocada e estimulada a investir, tanto na construção como no gerenciamento dessas construções num paralelo de PPP Participação Publico-Privada de outras concessões do governo à iniciativa privada. O aluguel cobrado dos moradores sustentaria o gerenciamento e asseguraria o retorno do capital investido. Caberia ao governo somente a concessão de área ( que seria desapropriada para esse uso - e outros de interesse publico, como equipamentos publicos) e eventualmente participar de parte do aluguel social, dependendo dos custos do empreendimento para cada caso.

A iniciativa privada precisa ser melhor entendida e disciplinada, apenas isso, e reconheçamos que nisso estamos em falta, principalmente pelo preconceito de nossos academicos em relação ao conhecimento mais aprofundado do mercado imobiliário.

sábado, 27 de março de 2010

EDUCAÇÃO,A BASE DAS PROFISSÕES

Lya Luft, escritora, observou na revista Veja de 03/02/2010, à pagina 22:

..." No clima de ufanismo que anda reinando por aqui, talvez seja bom acalmar-se e parar para refletir. Pois, se nossa economia não ficou arruinada, a verdade é que nossas crianças brincam na lama do esgoto,nossas famílias são soterradas em casas cuja segurança ninguém controla, nossos jovens são assassinados nas esquinas, em favelas ou condomínios de luxo, somos reféns da bandidagem geral, e os velhos morrem no chão dos corredores dos hospitais publicos. Nossos políticos continuam numa queda de braço para ver quem é o mais impune dos corruptos, a linguagem e aq postura das campanhas eleitorais se delineiam nada elegantes, e agora está provado o que a gente já imaginava: somos péssimos em educação"... ( o relatório "Educação para todos"da Unesco, pôs o Brasil na 88a. posição no ranking de desenvolvimento educacional.)

É uma situação injusta para um País que tem todas as condições economicas e tecnológicas para uma colocação entre os 20 melhores do mundo.
E o que nós arquitetos e urbanistas temos a ver com isso? Muito. Leiam com atenção. - ...nossas crianças brincam na lama de esgoto... é assunto de desenvolvimento urbano, assim como ...famílias soterradas...,jovens assassinados em esquinas... são temas que nos dizem respeito. Diretamente.
Mais ainda, quando uma cidade se mostra insegura, é também uma ineficiencia urbana. Hospitais e escolas são ( ou deveriam) ser projetadas por arquitetos e seu funcionamento adequado, baixa manutenção, alta segurança e boa acessibilidade dependem de bons projetos. Muitos milhões de metros quadrados das cidades, sejam áreas públicas ou áreas privadas NÃO são hoje projetadas por arquitetos e urbanistas. E como diz a Lya, as consequencias da educação deficiente se reflete em inúmeras ações, sendo a mais grave de todas a falta de raciocínio - em todos os níveis de ensino. Sem o habito da leitura a população tem informação e formação deficientes, refletindo na escolha de seus representantes, tanto dos politicos como também de seus representantes de associações de classe, de bairro, e profissionais. E sem representantes dignos nas Entidades Civis Organizadas, perde-se a esperança de uma força que possa se contrapor à sanha e ambições dos politicos e de empresários do time dos "capitalistas selvagens".
E sem educação, nós arquitetos e urbanistas, sofremos a "desnecessidade" de projetos bem feitos, pois temos uma população que entendem a arquitetura como supérfluo e, pior ainda, o urbanismo como algo que só pode acontecer em outros países, os desenvolvidos.
Portanto, temos muito a ver com as observações da Lya.
Resta saber o que podemos fazer à respeito.

domingo, 21 de março de 2010

TRANSPORTE PUBLICO

Medo do apagão dos transportes
REVISTA GRANDES CONSTRUÇÕES, NOVEMBRO DE 2009.

"...Os Jogos Olímpicos de Atlanta (EUA), em 1996 foram marcados por problemas no transporte, que deixaram milhares de torcedores esperando nos pontos de ônibus, e atletas chegando atrasados para as competições."
"Transporte e acessibilidade são itens que se encontram no topo da lista dos desafios e dos investimentos, tanto para a Copa 2014 quanto para os Jogos Olímpicos."
"No Brasil, esse é um nicho na qual a iniciativa privada poderá ter grande participação, em parceria com o poder público".  Moacyr Servilha Duarte, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
"...Os sistemas de BRTs, ou Bus Rapid Transit, que utilizam ônibus de alta capacidade, capazes de atender a demandas muito próximas das indicadas para sistemas de metrôs, quando bem operados, são as alternativas. As vantagens sobre os metrôs estão, sobretudo, na rapidez da implantação e construção dos projetos, e nos seus custos, já que a construção de um quilômetro de BRT exige, em média, US$ 10 milhões em investimentos, contra US$ 100 milhões por quilômetro construído de um sistema de metrô."

Realmente, faltam iniciativas do governo e das empresas para atender essa demanda, e assim evitar o acontecido em Atlanta, EUA. Vejam só, num país desenvolvido!
Faltam projetos bons para garantir boas obras e com isso transportes adequados e suficientes para os eventos internacionais que acontecerão nesta década.
Para isso, e devido aos prazos, os projetos precisam de "inputs"novos, saindo do convencional. Uma das propostas, a de se construir rodovias urbanas elevadas com predios de estacionamentos a elas atrelados, como um grande cacho de uvas. Uma estrutura autônoma, independente do sistema viário da cidade. Diferentemente das rodovias ao nivel do solo, essas áreas de vias publicas irão acrescentar áreas públicas, SEM aumentar a área pública de solo.
Estruturas independentes, são por natureza menos impactantes ao meio ambiente, natural ou urbano, tem percurso minimizado, assim como total controle das declividades das pistas. Dessa descrição, infere-se que essas estruturas, podem ser utilizadas como BASE para pistas rodoviárias ou ferroviárias, independentemente de velocidades dos veiculos.
Devem ser destinados a veiculos leves, sejam elas rodoviarios ou ferroviarios, permitindo assim maximizar a capacidade de transporte e minimizar as cargas na estrutura.
Temos pois a oportunidade de inovar e de atender a demanda prevista de transportes. Mas para isso precisamos repensar os conceitos de transporte. E um dos quesitos a ser repensado é quanto à elevar a qualidade do transporte, além dos números de transportados. E uma das questões de qualidade é considerar as VIAGENS das pessoas, da origem ao destino e assegurar a qualidade em todas as etapas desse roteiro, para todas as pessoas.

domingo, 14 de março de 2010

OnG, Entidades, OSCIP.

VALE A PENA PARTICIPAR DE ENTIDADES DE CLASSE?
por ÊNIO PADILHA


Entidades de Classe são organizações que, geralmente, são bem acolhidas pela sociedade. Em geral, são vistas como uma manifestação coletiva dos indivíduos que a compõem. Uma espécie de representante do pensamento do grupo na sociedade. Por serem organizações que brotam de dentro pra fora (e de baixo pra cima, fruto da vontade de seus integrantes originais) são, geralmente, consideradas mais legítimas do que organizações que existem para dar suporte a determinações legais (como os conselhos e sindicatos).

Claudia acredito nas palavras do Enio. Da minha parte, estou em 3 entidades civis organizadas, o IAB, a APAE e a AGL ( Academia Guarulhense de Letras), além do Conselho, o CREA.


Essas atividades, além de uma doação do seu tempo ( elemento mais caro para todos os seres viventes, pois é insubstituivel e inadquirível, sem reposição), tem custos materiais que acabamos doando ( os colegas do IAB sabem do que estou dizendo).

Mas, pela origem, definição e objetivos, as Entidades Civis Organizadas, tipo OnGs, essas entidades, sejam Profissionais ou Comunitarias, são hoje a nossa esperança e canal para brigarmos por melhorias na nossa qualidade de vida.

Estou nesse barco, e com probabilidades de, na medida do possivel, aumentar meu tempo de participação pró-ativa.

Por incriel que pareça, várias dessas entidades tiveram ( ou ainda permanecem) diretorias que encontraram, espertamente, canais para se beneficiarem, desonrando assim esses cargos ( originalmente pensados como) honorários.

Por obra de alguns espertalhões que agiram ( e ainda agem) em Brasilia, verbas foram destinadas a OnGs indevidamente ( segundo o TCU), e agora entidades como a APAE ( que dirijo com transparencia e devidamente controlada) precisam provar que existem e funcionam regularmente. Isso significa que existem as que são "fantasmas" e nem funcionam regularmente.

As Entidades Civis Organizadas ( ECO) são ( em geral) administradas amadoristicamente, com uma estrutura administrativa de dupla pirâmide. Coleta-se dinheiro das bases para a cúpula, mas as bases pouco recebem da cupula em questões que afetam as bases e que requetem aprimoramentos.

Algumas Entidades Civis Organizadas (ECO) recebem apoio de melhoria de gestão de Serviços do governo, como a SEBRAE, e talvez fosse o caso dos IABs solicitarem ajuda para melhorarem administrativamente.

Um outro aspecto que as ECO precisam cuidar é quanto a sua REAL representatividade, pois na medida que contam com mais associados, existe maior força politica e chances de serem ouvidos pelos governantes. Nesse sentido, várias ECO com poucos associados, tendem a serem ocupadas ( ou invadidas) por pessoas, interessadas na acessibilidade que esses cargos conferem, para serem recebidos pelo Poder Público.

Para essas pessoas, existe o interesse de que hajam poucos associados PARTICIPANTES, (preferencialmente com muitos pagantes). Com poucos participantes, perpetuam-se no poder, com o argumento de que inexiste numero de interessados em formar chapas, e assim, por meio de CHAPAS UNICAS, transformam as eleições em meras negociações de cargos.

Outros artificios para se perpetuarem no poder, como o voto em bloco de conselheiros vitalicios, que com o correr do tempo ficam impondo sua preferencia por um ou outro candidato ( quando houver oposições), e em alguns casos, a necessidade de ter experiencia em administrar a entidade ( significa que já pertence ao poder existente), etc. são utilizados.

Pelo que conheço das OnGs, sou presidente de uma e Conselheiro de outras, a transparência administrativa, a observância do objetivos, a ética de seus administradores, a ajuda governamental ( apesar de serem, por principio, apoliticas) é hoje uma luta para que sejam fortalecidas e assim possam contribuir para um maior equilibrio de interêsses, atualmente dominadas pelo Poder Publico e Poder Privado.

Mário Yoshinaga

domingo, 28 de fevereiro de 2010

RODOVIAS URBANAS - Urban Highway in Saskatchewan, Canada

Urban Highway Connector Program


Saskatchewan's population and business activity is increasingly centered in cities and larger towns. These urban communities serve as key collection and interchange points where export bound products trucked along rural highways are linked to national and international transportation corridors.
Urban connectors form an essential part of both the national and provincial transportation system. Efficiencies and the public interest are best served by the free flow of traffic, including travel on urban connectors. Producers and shippers cannot afford delays in urban areas caused by transportation bottlenecks.
The Urban Highway Connector policy recognizes that our urban communities play an important role in the provincial economy as generators of economic activity. Urban communities serve as key collection points where manufactured goods are warehoused and shipped by truck or rail to and from gateway ports.
The policy provides a framework for funding urban highway connectors based on the provincial interest and is built on several guiding principles:

Equitable treatment of all urban municipalities;
•Transparent and consistent policy framework;
•Reduced traffic congestion in and around urban centres;
•Enhanced traffic safety in urban areas;
•Improved corridor continuity and level of service on urban connectors
•Enhanced planning to meet future transportation demand; and
•Targeted resources to maximize benefits for the provincial economy.

The investment in urban connectors will reduce the cost of doing business and make Saskatchewan more attractive to investors. As well, it will improve quality of life through improved access and mobility for urban residents.
Urban Municipality Community Summaries
The following communities are listed alphabetically with an UHCP map, provincial interest map and a summary for each municipality that is eligible.

Related Documents

UHCP Rehabilitation Projects - Application Form
Under the Ministry of Highways and Infrastructure (MHI) Urban Highway Connector Program (UHCP), eligible urban municipalities may apply for funding for rehabilitation projects.
uhcp-application.pdf ( 31.4 KB )
UHCP Operation and Maintenance Grant Affidavit
uhcp-affidavit.doc ( 29.5 KB )
UHCP Rehabilitation Projects - Application Form (Word Document)
uhcp-application.doc ( 87 KB )
UHCP Rehabilitation Projects - Consultants Report on Prioritization Methodologies
Final Report prepared by AECOM Canada Ltd.
uhcp-methodolgies.pdf ( 721.2 KB )
UHCP Rehabilitation Projects - Summary of Prioritization Criteria and Processes

Nota:
Interessante esse programa de conexões urbanas com as rodovias, da Secretaria de Rodovias e Infra-estruturas.
A visão que temos da necessidade das cidades serem dotadas, não apenas de vias expressas ou avenidas de grande porte, mas de rodovias conectadas à grande rede estadual e nacional, por um lado, e por outro a grandes centros de distribuição e terminais de carga para diferentes modais de transporte. O que temos hoje é uma conexão deficiente, pois as avenidas e vias expressas urbanas acabam conectando-se com as rodovias interestaduais e intermunicipais, tendo, muitas vêzes os depósitos ( terminais de carga particulares e publicos) acessado pelas vias urbanas, no miolo da área urbanizada.
Os terminais de carga, centrais de distribuição, depósitos ou sede de transportadoras teriam maior eficiencia se as rodovias rurais, rodovias urbanas, e vias de acesso estivessem interligadas. Num esquema elementar, seria algo parecido com os tramos e as uvas de um cacho de uva, sendo os tramos as vias ( rodovia urbana e avenidas de acesso), as uvas os depositos. E o caule da parreira seria a rede intermunicipal, interestadual e internacional rodoviaria.
Como já escrevi anteriormente, a evolução tecnológica da engenharia civil permite que se façam os leitos rodoviarios e ferroviarios com traçados e perfis ( planta e cortes) praticamente iguais. Os novos perfis das estradas rodo e ferroviarios, podem ter sido em consequencia de exigências ambientais, pois : a) evitar cortes e aterros, tendendo portanto a evitar os leitos ao nível do solo; b) evitar interferências com fluxos naturais como os caminhos de água, caminhos de animais selvagens; c) evitar impactos a sitios naturalmente frágeis. Ao atender essas condições, os engenheiros optaram por estruturas aéreas e subterrâneas, mas seguindo critérios não-rodoviários, pois os trechos aéreos foram escolhidos para minimizar impactos na superfície do solo ( desmatamentos, cortes ou aterros), e a estrutura subterrânea, ou em túnel, escolhida para os trechos onde o impacto ambiental tendesse a zero.
Mais que traçar rodovias urbanas, essas estruturas rodoviarias poderiam estar relacionadas ao tipo de veiculo. As rodovias urbanas podem estabelecer que seriam para o uso exclusivo para veículos leves ( automoveis e camionetes até 2 Toneladas de carga), carroceria tipo baú fechado, combustivel não poluente ( alcool, gas natural), entre outras caracteristicas.
As rodovias urbanas compartilhariam o leito carroçavel com os trilhos de Tramway ou VLT, para transporte de passageiros ou de cargas ( periodo da madrugada). Compartilhariam também com redes de cabos e tubulações diversas, assim como com estações de rebaixamento de energia, estações de tratamento de agua, de esgoto e depositos diversos de uso publico.
As rodovias urbanas seriam entubadas, reduzindo o ruido emitido para o entorno, e por outro lado, possibilitando a geração de energia eletrica e a captação e reservação de agua de chuva .

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

'DICAS' PARA ESCAPAR DA EXPLORAÇÃO DOS SERVIÇOS PROFISSIONAIS DO ARQUITETO,

O pedreiro sumiu. E levou os "rabiscos"que um
amigo construtor tinha feito num "happy hour", e que nem
deixou nome ou celular... será que o vizinho de mesa
de outro bar, que disse ser Arquiteto poderia dar
continuidade?... E agora?


ENFIM, A TABELA : ( aceitamos sugestões)


SERVIÇOS GERAIS, POR TIPOS DE ABORDAGEM:
- Dar um "palpite":............................................................. R$ 1.500,00.
- Só "trocar umas idéias":............................................... R$ 1.500,00.
- Comprei uma chácara, só preciso de "orientações" no jardim:..... R$ 2.600,00.
- Eu vou lá só para pescar, tá quase pronta a pousada, mas quero discutir só um "detalhezinho": R$ 1.500,00.
- Fica numa ilha de fácil acesso: ......................( acrescentar )..R$ 2.500,00.
Em 03 dias a gente vai e volta, viagem por minha conta: ( mais ) R$ 7.500,00.
- O piso que você especificou era muito caro, comprei outro... ou 'o pedreiro tá reclamando' ou 'está ficando um horror' ou 'estou perdendo dinheiro' ou 'dá uma passadinha lá para ver qual é o "problema" ': .......R$ 1.000,00.
( Obs :o arquiteto não é culpado pela mudança da especificação)
- A obra tá pronta, é só para dar umas "dicas" no jardim: ........R$ 1.800,00.
- E nas cores da fachada:............................................................... mais R$ 1.000,00.
( Dependendo do grau de relacionamento com o tal “cliente”, acrescentar, pelo desaforo, a taxa de desrespeito ) de .................R$ 1.000,00
- Quero e tem que ser você !!! Afinal você é meu parente!!! COBRAR ......... O dobro!!! - Preciso só de um "quebra-galho", um "ajustezinho": COBRAR........ O triplo!!!
( Obs.: Se ele não desistir, pelo menos compensa o desaforo de ser considerado “quebra-galho” ).
- Tenho pressa, serviço prá ontem:.................................................. R$ + 75%!!!
CASAS
- Meu sobrinho é estudante. Ele já "desenhou". Só preciso que Você dê uma "olhada" no "projeto":......... R$ 5.000,00 - Só pela olhada .
Para consertar a cagada............................................................... R$10.000,00
- Eu cuido de todo o resto, só preciso de um "rabisco da planta" e das fachadas ( Ou seja: fazer o projeto todo )................... R$ 36.000,00
- Nem "precisei" de projeto, já tô erguendo à casa, só quero uns "palpites": ( O certo é não aceitar, mas se quiser se aporrinhar )...........R$ 23.900,00 - Já tô terminando a casa, tem umas coisas que queria mudar e depois só fazer o "desenho", pois o fiscal já passou na obra disse que tem uns recuos errados. Eu não sei... Ele não aceitou uma grana por fora que "ofereci" !!! : ( O certo é não aceitar, mas se quiser se aporrinhar e regularizar toda a situação, é o valor de projeto novo )............................... R$ 36.000,00

- Foi um amigo meu que fez as "plantas", mas agora que ergui as paredes minha mulher não gostou, quer mudar umas "coisinhas": .............R$ 13.000,00. ( Obs.:Se você não estiver fazendo nada vai lá para se divertir um pouco ...)
- Minha mulher viu numa revista e quer fazer igual, "tá fácil", tem bastante "fotos": Só para ver as fotos....................R$ 8.000,00
Para fazer o projeto : utilize os valores acima referidos
- Eu sei que o projeto já tá aprovado, mas minha cunhada deu uns palpites que a gente acha legal mudar:
Na ausência da cunhada..............................................................R$ 6.000,00 ( Para ouvir as idéias da tal cunhada, ao vivo, acrescentar taxa “cunhada esperta e tagarela” )................. + 100%
- O projeto tá aprovado e a obra na metade, mas meu cunhado deu uns palpites muito bons (ele entende): Cobrar mesmos valores anteriores mais 50% de taxa porque o cunhado “ENTENDIDO” costuma ser abusado e nos dar tapinhas nas costas e perguntar : “ E ai? Gostou da idéia ? " - Acima de oito tapinhas ( média nacional ): Mais.........................R$ 5.000,00.
- Comprei a casa pronta, mas antes de mudar queria que você fosse lá comigo para ver se preciso "mexer" em "alguma" coisa: ............. R$ 1.800,00. ( Este valor somente para o caso de ele levar o arquiteto no carro dele e servir um bom uísque durante o papo - IMPORTANTE: Não mude nada e concorde com tudo )
- Minha mulher só quer mudar uns "detalhezinhos": Mesmas condições e recomendações do item anterior.
- Minha cunhada vai junto: Taxa extra de cunhada palpiteira:....................R$ 2.500,00.
- Não, não precisa acompanhar a obra, é só dar uma "passadinha" quando a 'gente' chamar: ........ R$ 1.500,00. Obs.: Essa é uma taxa única para cada “passadinha” ( que duram manhãs ou tardes inteiras e geram muitos desenhos e detalhes, que deverão ser pagos à parte )
- Fiz o projeto com "outro", o "preço" dele era bom, mas preciso dar uma mudada numas coisas e não quero falar com ele "de novo":.................. R$ 6.000,00.
- A casa já tá na metade:...................................... R$12.000,00
- Se arrependimento matasse!!:.....................................................R$18.000,00 - Tudo isso se o “outro” ( seu colega ) autorizar por escrito a sua intromissão, registrado no CREA ( Melhor recusar, pois certamente ele não pagou o “outro”)
- Quero que você "faça" minha casa, mas como sou muito seu amigo você vai só cobrar os custos, não é?:...................... R$ 36.000,00. ( Ou seja : mesmo preço para qualquer cliente. Amigos, amigos, “business” à parte... Somos profissionais. E talentosos...
- Como sou parente, você vai fazer um preço "para família": ...... R$ 72.000,00 ( Se não puder cair fora, é aplicada a taxa-parente de 100% )
- Afinal sou seu cunhado !!!: É fria. Aplicar a taxa-cunhado, que afinal não é parente: + 50% sobre o item anterior.
- Tá certo que o projeto tá aprovado, mas fiz um churrasco lá em casa e mostrei o projeto para toda a família e para uns amigos..E eles estão achando isso ou aquilo:...........R$ 5.000,00 ( Para cada modificação fundamental com a qual você possa, razoavelmente , concordar .
- Comprei uma fazenda e preciso fazer a sede, é simples, lá não tem que "aprovar plantas na Prefeitura". É tudo gente nossa, amigos de meu pai. Só quero uns “rabiscos” seus. Lá tenho um pedreiro ótimo:..............................R$ 36.000,00 ( Mais as taxas de viagens ). Obs: Verificar a necessidade de aplicar taxa extra sobre a possibilidade de ter que suportar musica sertaneja durante as viagens.
- Mas só posso pagar em gado ou soja: Proponha sociedade na fazenda. Se ele não desistir, estipule uma taxa de 50% sobre o valor da cada cabeça de gado ou saca de soja a receber, a título de “despesas de transporte e comercialização”. Trate-o no mesmo nível do escambo que ele sugeriu: proponha que ele lhe pague entregando aquela camionete PAJERO que ele ostenta. Se o “cliente” encher o saco ou aborrecer-se com sua proposta: Denuncie-o à Receita Federal. No mínimo deve estar sonegando.

EDIFÍCIOS:
- Tô reformando o apartamento, quero que dê uma "olhadinha":.....R$ 1.500,00
- Minha mulher não gostou do que o pedreiro e o encanador fizeram no banheiro, veja se tem jeito de "consertar": É fria, mas, vá lá..................R$ 3.000,00.
- É só uma "mudadinha", vou aproveitar a laje de cobertura do meu apartamento para fazer "tipo" duplex: Só para analisar a possibilidade.......................................................R$ 5.000,00
- Sei que já tá aprovado, mas é só uma mudança no prédio: o pavimento tipo vai passar de 2 para 4 por andar, o resto não muda nada!: Só para analisar a possibilidade:..................R$15.000,00
- O projeto é "nosso" mesmo, e o prédio tá quase pronto, só queremos que você dê um "palpite" nas fachadas:..................R$ 15.000,00
- A comissão de representantes do Condomínio quer uma reunião antes : É fria. Estipule honorários em EUROS ou LIBRAS. Leve advogado. Pelo amor de Deus, não vá armado. Grave tudo.
-Como? Só o "desenho" das fachadas tudo isso! Então tira o "desenho" e "só" diz as cores e o acabamento:..................... R$ 25.000,00 ( O valor foi exorbitado para que eles não aceitem e você possa cair fora da fria. Se aceitarem... Aleluia !!! )
- A reforma do apartamento tá pronta, mas a cama do meu quarto não cabe junto com os armários. Dá uma "olhadinha" para ver se tem como "acertar" isso. ( Na gozação proponha que o casal durma em camas e quartos separadas. Se ele aceitar a brincadeira é porque é boa gente. Resolva o problema e cobre uma taxa-burrice, simbólica, de .... .R$ 3.000,00
E, POR FIM , A MÁXIMA :
- “ME COBRA BARATINHO PORQUE ESSE PROJETO VAI SERVIR DE PROPAGANDA PARA VOCE. COLOCAREI A PLACA NA OBRA COM O SEU NOME . TENHO MUITOS AMIGOS E POSSO INDICAR SEUS SERVIÇOS ( Com quase quarenta anos de profissão ouço essa da “propaganda para você” quase sempre. Nós merecemos ??? )
OPÇÃO 01 :
Proponha que ele elimine a placa porque você mesmo vai colocá-la, pois que é obrigatória, e que, em troca, ele patrocine uma publicidade do seu trabalho de arquiteto em uma página inteira ( lado impar, em cores ) na VEJA, ou outra revista de igual importância e, também, uma quarta página no jornal de maior circulação da cidade, no domingo.
OPÇÃO 02 :
Mande-o para AQUELE LUGAR que você sempre quis mandá-lo, com todos os “éfes e erres” e pense bem se quer continuar sendo arquiteto.
OPÇÃO 03:
Tente mudar de vida enquanto ainda é tempo: Abra um bar ou um restaurante, como muitos já fizeram, e vá ouvir desaforos de outras freguesias ( ou, melhor ainda, abra um 'puteiro', onde dificilmente ouvirá tais desaforos

Enviado pela nossa colega Arq. Claudia Pires, pres, IAB-MG. em 25-02-2010.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

LEITURAS, BONDES, ENCHENTES E CONGESTIONAMENTOS

Andei lendo bastante nestes dias. Um livro que a Yoshie me emprestou, a Monja Coen, de Neusa Steiner, revista do Instituto de Engenharia, revista sobre ferrovias, jornais, etc.
Dessas leituras, fico às vêzes pensando numa frase de um assunto diferente, que diz: O que vc tem se deve às coisas que vc deixou de ter. E no paralelo, penso: o que eu li se deve a o que deixei de ler.
O tempo é um só. Fico muitas vêzes indignado com o tempo que desperdiço, fazendo coisas realmente improdutivas. Mas não posso dizer inúteis, como quando me proponho a ficar arrancando hervas daninhas do gramado ou da área com pedriscos, lá da casa de S.A. Pinhal ( que nem é minha, é alugada). Fico de cócoras, às vêzes até uma hora, até me cansar de ficar naquela posição. Olho o gramado sem os capins e o pedrisco limpo, e fico satisfeito. No fundo, entendo aquilo que fiz como uma ginástica... que ginástica, com direito a um suco ou sorvete.
Fiquei satisfeito de saber que a Dersa tem um grupo que praticamente define o traçado menos danoso ambientalmente, e depois entra a engenharia rodoviaria propriamente dita. E que ela encontra várias instancias de controle ambiental, e que conseguiu dividir as responsabilidades, por exemplo, ficando o Federal com o assunto dos Indigenas, da Mata Atlantica e um outro item. E que o trecho Norte do Rodoanel terá muitos trechos em túneis. Não sou favorável aos túneis, apesar do Engenheiro Jorge Saraiva da Lenec de Portugal ter enviado um e-mail para mim discordando do que coloquei num artigo defendendo a estrutura aérea. Segundo ele, quem gosta de estrutura aérea são os politicos, pois é obra de grande visibilidade, e nem sempre embeleza a paisagem.
Eu diria que quem gosta de túnel são os empreiteiros pois são obras cheias de surpresas, como os próprios técnicos especialistas, num seminário do IPT, afirmaram.
Efim, espero ter tempo para voltar a escrever mais amiúde.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

INUNDAÇÃO E ILHA DE CALOR - Por Eng. Plinio Tomaz

Recebi este texto muito simples e interessante. Obrigado Plinio, estou divulgando.

As enchentes e o período de retorno


Um dos grandes problemas para o controle de enchentes, é definir a
probabilidade das precipitações com que vamos dimensionar as obras de

microdrenagem e macrodrenagem.

Os hidrologistas chamam isto de freqüência ou período de retorno.

O período de retorno de 100anos, significa que temos a

probabilidade de 1% em um ano, de que a obra que dimensionamos, não

suportará a vazão de projeto.

O dimensionamento de rios e córregos deve ser feitos para período

de retorno de 100anos. Isto foi feito no Japão logo após a 2ª guerra mundial

e nos Estados Unidos em 1976.

No Brasil podemos observar, que em muitos rios e córregos não

foram dimensionados para período de retorno de 100anos e causam

inundações frequentes (culpando São Pedro, que não tem nada a ver com

isto).

Nos países mais adiantados, quando um lote de terreno é comprado

para construir uma casa e se encontra próximo a um rio ou córrego, a

prefeitura fornece ao proprietário um mapa indicando até onde chega a

água de inundação devido ao período de retorno de 100anos: é o mapa da

curva dos 100anos.

Quando você vê que o seu lote está dentro da curva dos 100anos, é

obrigatório que se faça o seguro da casa e que atenda a algumas leis

municipais que obrigam que os objetos de valor estejam no andar superior

da casa.

Aqui no Brasil é comum as subhabitações de madeira construídas

perto dos córregos e rios, e o poder público faz construção de alvenaria de

tijolos dentro da curva dos 100anos de inundação.

O aumento do período do retorno não significa o aumento no custo

da obra. Assim se tomarmos período de retorno de 100anos ao invés de 25

anos, o custo da obra aumentará até 50%, com a vantagem de oferecer mais

segurança de vidas humanas e bens materiais.

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Um outro problema é a enchente localizada, devido as galerias de

águas pluviais, ou seja, a microdrenagem e que geralmente está

subdimensionada ou não foi objeto de manutenção.

Há muitos anos usava-se em microdrenagem, período de retorno de 2

ou 5 anos e, os mais cautelosos, usavam 10anos. Várias ruas centrais de

São Paulo foram calculadas com período de retorno de 10anos.

Um novo fenômeno começou a agir nas cidades acima de

100.000habitantes que é a “Ilha de Calor”. O sol, ao atingir o asfalto e

prédios, faz com que haja um aumento da temperatura das cidades em mais

de 10ºC em relação aos sítios da periferia. Este aumento da temperatura faz

com que as intensidades das chuvas de curta duração: 5 a 15min, aumentem

consideravelmente. Isto causa problema nos dimensionamentos das calhas,

condutores horizontais e verticais e no sistema de microdrenagem. A “Ilha

de Calor” é uma mudança climática local e não faz parte das mudanças

climáticas gerais que não estamos levando em conta devido às incertezas

existentes para o Brasil.

A solução em microdrenagem é usar período de retorno mínimo de

25anos e, conforme o lugar, onde há hospitais e prédios públicos

importantes, o período de retorno poderá ser aumentado até 50anos.

A impermeabilização dos solos causou um grande impacto nas

cidades com aumentos das vazões, diminuição da vazão base dos rios e

impactos negativos no ecossistema aquático.

O objetivo dos países desenvolvidos é fazer obras para voltar ao

ciclo hidrológico natural, isto é, fazer com que a água se infiltre no solo,

compensando assim as áreas impermeabilizadas e que o escoamento

superficial seja detido ao nível do pré-desenvolvimento. Embora pareça um

sonho, já dispomos de tecnologia adequada para isto como trincheiras de

infiltração, bacia de infiltração, reservatórios de detenção estendido e

outras técnicas.

A tendência moderna no manejo de águas pluviais é controlar a

quantidade de água e a qualidade da água, tendo em vista a melhoria do

ecossistema aquático. Salientamos também a importância da melhoria da

qualidade das águas pluviais e não só o controle da quantidade.

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Outra técnica muito antiga usada pelos chineses, é o reservatório de

detenção que detêm as águas pluviais um determinado tempo e depois vão

devolvendo a mesma em uma vazão pequena de pré-desenvolvimento, de

maneira que não cause enchentes.

Estes reservatórios de detenção podem ser feitos dentro de um lote

de terreno ou podem ser regionais.

Um outro problema são os vertedores das pequenas barragens. As

barragens são dimensionadas com uma abertura chamada vertedor para o

escoamento de grandes chuvas para evitar que a água passe por cima da

mesma causando a ruptura do maciço. Conforme a altura da barragem, o

comprimento, o volume de água armazenada e o risco da população

existente a jusante, são estabelecidos os períodos de retorno que variam de

100anos a 1.000anos para as pequenas barragens.

No caso de rompimento de uma barragem forma-se uma onda de

água de enorme volume, parecida com um Tsunami e deverá ser feito mapa

até onde a onda de enchente poderá chegar e ser distribuído à comunidade

para fuga do local quando avisada pelas autoridades.

Para a quantidade de águas pluviais macrodrenagem deverá o projeto

ser feito para período de retorno de 100anos e o mínimo de 25anos para

microdrenagem.

Guarulhos, 1 de fevereiro de 2010

Plinio Tomaz

Engenheiro civil

pliniotomaz@uol.com.br

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

HAITI, SÃO LUIS DO PARAITINGA, ANGRA DOS REIS...

...e BLUMENAU, UBERLANDIA, etc.


Enchente em Uberlandia, 2009
Enchentes, deslizamentos e outros desastres da natureza atingindo os meios urbanos de forma recorrente. As ajudas governamentais, as emergências, as verbas para catástrofes... as perdas das cidades, as perdas das familias, as perdas das pessoas...
Na nossa especialidade, o urbanismo, o que podemos fazer?
Podemos nos antecipar e nos preparar para minorar a tragédia dos que perderam tudo e estão em condições de risco de vida? Acredito que sim.
Poderíamos ter um planejamento de ações especialmente estruturado para atender essas emergências. Podemos nos reunir e nos organizar, paralelamente ou em conjunto com a Defesa Civil, os Bombeiros, as Forças Armadas, Escoteiros, Bandeirantes, e outras entidades civis organizadas. Um local onde pudesse ser acionado de imediato, e em menos de 24 horas já estar no local com uma força-tarefa devidamente aparelhada com equipamentos suficientes para abrigar algumas centenas de pessoas, com o devido cuidado físico e psicológico.
Alojamentos de emergência seriam montados, com refeitório, posto médico e área administrativa. Um galpão recolheria os objetos salvos do desastre e ficariam guardados com etiqueta identificadora, cada lote correspondente a um numero, minimizando a possibilidade de saques de objetos de valor.
Haveria estoque de roupas, remédios, combustiveis, agasalhos e artigos de consumo diário para suprir um contingente por duas semanas, até que os meios formais iniciem o atendimento.
Um pessoal treinado em brigadas, saberiam o que fazer para oferecer um mínimo de privacidade, salubridade e proteção pessoal para os refugiados do desastre, evitando roubos nos abrigos improvisados e alguns atentados à integridade física dos menos fortes fisicamente.
Essa super OnG manteria um estoque de víveres, roupas, etc., doadas por empresas publicas e privadas para reduzir o tempo de chegada das primeiras ajudas. Esse estoque seria renovado com o vencimento dos prazos de validade, sendo um pouco antes, doados a instituições beneficientes devidamente inscritas.
As doações feitas por particulares, que normalmente acontecem logo ápós os desastres, ajudados pelos meios de comunicação, seriam utilizados para repor o estoque consumido nos primeiros dias, no que for possivel.
Enfim, a idéia é ter algo e alguém de prontidão para atuar imediatamente já nas primeiras horas, e até mesmo durante a ocorrência dos desastres, por pessoas treinadas residentes no ( ou próximo) do local. Os jovens que em São Luis do Paraitinga praticam a náutica de corredeiras, e que dispunham de botes infláveis, puderam, graças a seu treinamento e boa vontade, socorrer cerca de 500 pessoas em plena ocorrencia do desastre. Essa ação contribuiu, com certeza para que esse desastre registrasse um quase zero de casos fatais.
Gostaria muito de participar da montagem dessa OnG.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

REFLEXÕES DE ANO NOVO

A passagem de ano é um momento para reflexões. Mais um ano findo. Um balanço do que nos comprometemos a fazer e o que conseguimos.
Dinheiro, um meio dificil para realizações, sejam ousadas ou modestas; e uma leviandade para gastos com supérfluos que fazem bem à nossa auto-estima...
Os amigos que conseguiram deixar de ser amigos pois não eram tão amigos assim... eu era mais amigo deles do que eles de mim...deixei de procurá-los... e eles sumiram...
Será que evoluimos como pessoas? O que especificamente? Confiança em si mesmo? Aceitação das pessoas como elas são? Não se contaminar com os problemas dos outros? Convencer-se de que vc é único no mundo e na história do mundo, e nada se parece com vc, e porisso os semelhantes seriam apenas semelhantes?
Demos mais um passo ña direção certa da nossa realização profissional? Ou ainda não temos essa direção e estamos apenas caminhando para não ficar parado? Precisamos de um horizonte amplo, esplendoroso, distante e desorientador ou de um ponto não tão longe, alcançável na capacidade de cada um de nós?
A familia vai bem obrigado, mas que família? A dos consanguineos, irmãos, pais, tios, sobrinhos, netos, filhos, sogras, noras, etc., ou da namorada e seus links? Já passei natal numa festa que era da cidade toda, uma cidade-familia, talvez por ser também uma cidade-empresa, com a maior parte das pessoas trabalhando para uma única empresa da cidade.
E os sentimentos, como ficaram? Amamos, odiamos, invejamos, nos divertimos, choramos, ficamos deprimidos, nervosos, estressados, calmos, entediados, entusiasmados, etc.
Com todas essas reflexões, na tranquilidade das montanhas, olhando o horizonte bloqueado pelas matas nas encostas, pensei comigo. O passado está em algum lugar inacessível como as profundezas da terra e dos mares; o futuro está nas grandes alturas para além das nuvens; e o presente está neste mundo todo que podemos sentir ao nosso redor da qual fazemos parte num pacto de vida e morte.
Tenham todos um bom 2000 é 10!!!