Lya Luft, escritora, observou na revista Veja de 03/02/2010, à pagina 22:
..." No clima de ufanismo que anda reinando por aqui, talvez seja bom acalmar-se e parar para refletir. Pois, se nossa economia não ficou arruinada, a verdade é que nossas crianças brincam na lama do esgoto,nossas famílias são soterradas em casas cuja segurança ninguém controla, nossos jovens são assassinados nas esquinas, em favelas ou condomínios de luxo, somos reféns da bandidagem geral, e os velhos morrem no chão dos corredores dos hospitais publicos. Nossos políticos continuam numa queda de braço para ver quem é o mais impune dos corruptos, a linguagem e aq postura das campanhas eleitorais se delineiam nada elegantes, e agora está provado o que a gente já imaginava: somos péssimos em educação"... ( o relatório "Educação para todos"da Unesco, pôs o Brasil na 88a. posição no ranking de desenvolvimento educacional.)
É uma situação injusta para um País que tem todas as condições economicas e tecnológicas para uma colocação entre os 20 melhores do mundo.
E o que nós arquitetos e urbanistas temos a ver com isso? Muito. Leiam com atenção. - ...nossas crianças brincam na lama de esgoto... é assunto de desenvolvimento urbano, assim como ...famílias soterradas...,jovens assassinados em esquinas... são temas que nos dizem respeito. Diretamente.
Mais ainda, quando uma cidade se mostra insegura, é também uma ineficiencia urbana. Hospitais e escolas são ( ou deveriam) ser projetadas por arquitetos e seu funcionamento adequado, baixa manutenção, alta segurança e boa acessibilidade dependem de bons projetos. Muitos milhões de metros quadrados das cidades, sejam áreas públicas ou áreas privadas NÃO são hoje projetadas por arquitetos e urbanistas. E como diz a Lya, as consequencias da educação deficiente se reflete em inúmeras ações, sendo a mais grave de todas a falta de raciocínio - em todos os níveis de ensino. Sem o habito da leitura a população tem informação e formação deficientes, refletindo na escolha de seus representantes, tanto dos politicos como também de seus representantes de associações de classe, de bairro, e profissionais. E sem representantes dignos nas Entidades Civis Organizadas, perde-se a esperança de uma força que possa se contrapor à sanha e ambições dos politicos e de empresários do time dos "capitalistas selvagens".
E sem educação, nós arquitetos e urbanistas, sofremos a "desnecessidade" de projetos bem feitos, pois temos uma população que entendem a arquitetura como supérfluo e, pior ainda, o urbanismo como algo que só pode acontecer em outros países, os desenvolvidos.
Portanto, temos muito a ver com as observações da Lya.
Resta saber o que podemos fazer à respeito.
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